DÍVIDA ATORMENTA 60% DAS FAMÍLIAS BAIANAS

“Passe R$ 600 no cartão de crédito e leve R$ 500 em dinheiro”. O anúncio é tentador para quem está com a corda no pescoço, e pode ser encontrado em qualquer lugar no centro da cidade, afixado em postes, distribuídos na forma de folhetos nos ônibus e até mesmo na propaganda boca a boca. Sem qualquer outra exigência como SPC e Serasa, exige apenas o pagamento de uma taxa de juros mensal de 20%.Numa situação em que o percentual de famílias com dívidas atingiu mais de 60%, segundo pesquisa da Federação do Comércio no Estado da Bahia (Fecomércio), o dinheiro aparentemente fácil, mesmo tomado a juros elevados, tem sido a solução para quitar dívidas imediatas. Segundo a pesquisa da Fecomércio, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso aumentou em relação a fevereiro e manteve a tendência de alta também em relação ao ano passado. Já para quem tem dívidas e admite não ter condições de quitá-las, também cresceu em março. Ainda segundo a pesquisa, as maiores dívidas são relativas ao uso do cartão de crédito. Esse percentual dos que têm dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal e prestação de carro alcançou 60,3% em março deste ano, registrando um aumento em relação aos 59,6% registrados em março do ano passado. Toda essa situação, conforme explicou o 1º vice-presidente da Federação do Comércio do Estado da Bahia, Kelsor Fernandes, decorre da incerteza dos rumos da economia, com a ameaça de desemprego e diminuição da renda das famílias. “O inadimplente é aquele que fica 90 dias sem pagar suas dívidas. Mas existe um percentual cada vez maior de pessoas que admitem que não têm como pagá-las. E isso reflete na queda do consumo e nos demais setores da atividade econômica”, disse.